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Investimento em tecnologia é solução para matriz energética brasileira e mundial

Manaus, 3 de dezembro de 2009. Às vésperas da conferência de Copenhague, lideranças debateram, na tarde desta quinta-feira (3/12), quais são as perspectivas e melhores medidas a serem tomadas a respeito das matrizes energéticas brasileira e mundial. Em pauta, o desenvolvimento sustentável aliado a progresso. “Precisamos insistir para que os países não parem de investir em tecnologia. Tecnologia é investimento básico em país em desenvolvimento”, afirmou o ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Alysson Paulinelli.

A questão em foco era: em que tipo de tecnologia se deve investir. Para Fernando Luiz Zancan, presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral, deve-se alocar recursos tanto para pesquisas em energias renováveis, como para captação e armazenamento de gás carbônico. “Assim como já conseguimos solucionar a chuva ácida, na década de 1970, podemos tentar chegar à emissão zero de gás carbônico a partir da combustão do carvão. Por que não investir em tecnologias de baixa emissão de CO2 quando temos tantos combustíveis fósseis disponíveis?”.

A questão foi levantada por um participante do evento, ao perguntar se o carvão não era muito agressivo ao meio ambiente. “O carvão é fácil de transportar, barato, e está disponível facilmente na natureza. Não se pode parar de utilizá-lo enquanto ainda há pessoas sem energia elétrica em suas casas. Como o Brasil ainda pode ter apagão? Temos que pensar em progresso, em avanço, enquanto os BRICs avançam também”, defende Zancan.

Já o geólogo Ricardo Latgé, assessor da diretoria de Exploração e Produção da Petrobras, acredita que uma das soluções é uma mudança de postura da sociedade. “Nossos padrões estão acostumados com o alto consumo de combustíveis fósseis. Não são apenas soluções tecnológicas que aliviarão as emissões de gás carbônico, mas também uma mudança de cultura”. Para ele, a palavra-chave é equilíbrio. “Precisamos avançar em soluções racionais. O mundo está desequilibrado”, afirmou.

Latgé citou uma pesquisa do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), que afirma que o consumo de petróleo na matriz energética do Brasil se reduzirá em apenas 2% do que é estimado hoje, e ocupará 36% da matriz energética nacional (hoje ocupa 38%).

Em meio à discussão sobre as pesquisas em tecnologia, o senador e engenheiro civil Marcelo Crivella fez um alerta para o futuro. Segundo dados apresentados pelo senador, o mundo consome hoje 82 milhões de barris de petróleo por dia. Crivella completa que a previsão para 2030 é que o mundo esteja demandando 111 milhões de barris por dia. “No entanto, com a decadência dos poços ao longo do tempo, estima-se que em 2030 só seja possível produzir 70 milhões de barris por dia. Onde acharemos os 41 milhões de barris que faltam para cumprir a demanda?”, questionou. “O consumo de energia se evolui em velocidade tal, que se não tivermos estratégia, ficaremos para trás, com status de país subdesenvolvido.”

A conclusão do painel desta quinta-feira é que as energias fósseis continuam tendo um papel hegemônico mundial. Neste cenário, Ricardo Latgé, da Petrobras, avalia que o Brasil se encontra em posição privilegiada por vários aspectos. “Entre eles, por causa de seus grandes reservatórios de petróleo, além de possuir uma matriz energética diversificada”, afirmou.

Conferência em Copenhague já é na semana que vem

“O Brasil tem muito crédito ambiental. Isso precisa ser levado em consideração em Copenhague, se não vamos ficar muito atrás dos países ricos”. Com esse alerta, o presidente da Associação Brasileira de Carvão Mineral levantou a questão sobre a conferência da semana que vem na Dinamarca. “Temos que negociar, pois temos crédito ambiental”. Zancan acredita que o carbono será sustentável no futuro.

O ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Alysson Paulinelli não vê tantas perspectivas no encontro em Copenhague. “A expectativa tem que ser grande, mas sinceramente eu acredito que vai ser somente preparatório”. Para o ex-ministro, o encontro resultará em números, mas também em muitas postergações. “Torço para que seja algo definitivo, mas acredito que será apenas indicativo”, concluiu.

Já o assessor da Petrobras Ricardo Latgé não acredita que a conferência de Copenhague seja tão relevante para a realidade brasileira. “O importante é ter Soeaa todos os anos, para refletirmos o Brasil. Copenhague é importante, mas fundamental é olharmos para nós mesmos, corrigirmos nossa pobreza, etc”.

Beatriz Leal

Assessoria de Comunicação do Confea

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