Crea-PE

Especialiastas em recursos hídricos e visita técnica marcam segundo dia do Seminário Riquezas e Oportunidades

O segundo e último dia do 1ᵒ Seminário Sobre Riquezas e Oportunidades no Semiárido, realizado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE), no Hotel Imperador, em Salgueiro (PE), contou, nesta quarta-feira (25), com três palestra de especialistas em recursos hídricos da região. Com um auditório cheio, os participantes tiveram a oportunidade de esclarecer dúvidas e debater soluções para o semiárido nordestino.

Para abrir os trabalhos do dia, o presidente do Crea-PE, Evandro Alencar, deu as boas vindas aos participantes dizendo que o evento representa o primeiro passo para a interiorização do Conselho. “Temos a defesa dos interesses da sociedade como prioridade, mas também sabemos do nosso papel de trazer informações a todos para que saibam mais sobre o Sistema e sobre os objetivos da gestão. Com este evento queremos mostrar que o nosso sertão tem muitas oportunidades e muitas riquezas como diz o próprio nome do evento”, concluiu.

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Waldir Duarte foi o primeiro palestrante do dia

Em seguida, foi a vez do primeiro palestrante do dia. O professor doutor hidrogeólogo Waldir Duarte Costa falou sobre Obras Hídricas para Convivência com a Seca. Em sua fala, o professor explicou que dividiria a palestra em duas partes. A primeira, sobre a conceituação das águas, e a segunda, sobre as águas subterrâneas.

O primeiro ponto abordado foi o ciclo da água. O geólogo explicou que dos 2,8% de toda água doce disponível no planeta grande parte não está disponível para o homem,  já que parte dela se encontra nas geleiras e outra parte está retida no solo e na atmosfera. Desse percentual, apenas 0,4% se encontra na superfície e, 22% no subterrâneo.

Na ocasião, o geólogo falou sobre a distribuição da água por região do Brasil, e por estado, passando pela situação hídrica em Pernambuco que, segundo o especialista, não possui rios perenes. O especialista chamou também a atenção para a distribuição desigual entre as regiões brasileiras. Para explicar melhor o quanto consumimos de água, o palestrante fez relação com a quantidade de água necessária para a produção de um quilo de arroz, carne bovina, trigo, pão, aço entre outros.

Temas como sustentabilidade, gerenciamento de recursos hídricos, doenças provocadas por águas contaminadas e a crise mundial da água, que já atinge severamente países como a Arábia Saudita,  Kuwait, Singapura e muitos outros, também foram tratados durante a palestra do professor. De acordo com o especialista, as mudanças climáticas, crescimento populacional, aumento da área irrigada e da produção industrial, poluição dos mananciais, degradação ambiental como a devastação das florestas, o mau uso e desperdício e a falta de gestão adequada de conscientização do desenvolvimento sustentável são os grandes responsáveis pelo aumento da crise da água em todo o País e no mundo.

Em seguida, o convidado conceituou a seca como fenômeno natural causado pela diminuição acentuada de chuva e concluiu o que ele chamou da primeira parte da sua palestra com informações acerca do processo de desertificação.Na segunda parte da palestra, Waldir Duarte tratou das obras de infraestrutura hídrica de armazenamento, captação, acumulação e distribuição, entre outras.

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Mário Antonino convidou a todos a mudarem o País

No segundo momento do seminário, o professor Mário Antonino passou longe do que normalmente se define como palestra. Sem formalidades, o especialista mais fez uma “contação de causos”, onde, em grande parte do tempo, o personagem foi ele mesmo. Na sua fala, o engenheiro Mário Antonino optou por sugerir políticas públicas e sociais que, em sua opinião, contribuiria para que o Crea-PE ocupasse um espaço mais representativo como faz a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Aos jovens que compuseram a plateia, o professor Antonino pediu que tivessem coragem de dar opinião e de refletir. Lembrando ainda que, amar é barato e que pensar no bem de uma comunidade também tem baixo custo. Ele ainda disse que o bem que é feito volta em dobro. “Vamos ver se a gente ajeita esse País”, convidou o professor. “Vou terminar propondo que nos empenhemos para criar mais polos capazes de equilibrar a condição das regiões. Busquem conhecimento, procurem saber se o que está proposto faz parte do que acredita o seu coração”, concluiu o professor.

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Diretor da Apac explicou as questões sobre outorga da água em Pernambuco

APAC
A terceira e última palestra do dia foi feita pelo diretor Técnico da Agência Pernambucana de Água e Climas (Apac), Clênio de Oliveira Torres Filho. Sobre a agência, o palestrante disse que, a ela cabe a fiscalização de águas subterrâneas e superficiais, incluindo o monitoramento de reservatórios, onde é verificado, por exemplo, a distribuição da rede por cada reservatório.

Com base nesses dados, o produto fornecido é um boletim diário que pode ser acessado no site da Apac ou por meio de envio de e-mail para as pessoas que cadastrarem seu endereço eletrônico no site da agência. Esses relatórios mostram dados referentes aos reservatórios existentes em todo o estado.

O palestrante falou sobre o panorama climático no Semiárido para este ano, explicando o comportamento das chuvas com um cálculo que avalia a precipitação média existente nos anos de 2012 a 2014, dizendo que, por meio desses dados foi possível verificar o déficit pluviométrico acumulado no período dos últimos três anos.

Nas barragens de algumas regiões o volume de água das chuvas só foi suficiente para armazenamento de 6% do volume hídrico dos equipamentos, o que indica que não teremos como armazenar a quantidade esperada. De acordo com o histórico mostrado, a seca começou em 2011, em Jucazinho. No Sertão, desde 2010 e nos municípios de Salgueiro e Boa Vista, desde 2009 as barragens não se recuperam.

Sobre as águas subterrâneas, o palestrante explicou que são controladas por um sistema de telemetria de poços e estão todos instalados na área metropolitana do Recife. Em seguida, o representante da Apac falou sobre os procedimentos necessários para a concessão de outorga d’água, exemplificando que, em Boa Viagem não são mais concedidas outorgas. “Só tem direito a outorga aqueles que já tinham o licenciamento para exploração dos poços artesianos perfurados no bairro”, informou Clênio Torres.

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Alunos das áreas tecnológicas marcaram presença no 1° Seminário Sobre Riquezas e Oportunidades do Semiárido

 

Ao final das apresentações, o inspetor Ernando Alves de Carvalho Filho agradeceu a presença de todos e o esforço da grande maioria que deixou os seus trabalhos e aqueles que se deslocaram de municípios vizinhos para prestigiar o evento. Por fim, o presidente Evandro Alencar também agradeceu a todos que prestigiaram o evento e reforçou o pedido de Ernando Filho no sentido de criar a associação dos profissionais da Região. “A melhor maneira de falar, é falar em grupo.  Estamos de portas abertas e queremos agradecer a colaboração de todos, em especial aos palestrantes”, finalizou, o presidente.

TRANSNORDESTINA
À tarde, a programação do evento incluiu uma visita técnica, de alguns convidados, as obras da Transnordestina, que estão sendo construídas em áreas do município de Salgueiro. Após conhecer a fábrica de dormentes e o processo de separação da brita utilizável da não aproveitada em obras, o grupo fez um passeio numa composição que percorreu aproximadamente 29 quilômetros.

 

Dilma Moura

ASC do Crea-PE

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