Passado, presente e futuro incerto estão se confundindo em um dos empreendimentos mais arrojados instalados na cidade de Gravatá, no Agreste Pernambucano. A Cerâmica Gravatá S.A. é, atualmente, um complexo de instalações desativadas de uma das poucas indústrias do País que conseguiram produzir tubos e conexões cerâmicos vitrificados, de conformidade com as normas exigidas. Foi nesse ambiente que o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE), Evandro Alencar, foi conhecer não apenas as instalações e os produtos, mas o seu entusiasmado proprietário, o ceramista Walter Denis.
O empresário havia proposto a visita quando da realização da Plenária Itinerante do Crea-PE, em Gravatá, no dia 17 de outubro. O objetivo era explicar a importância, durabilidade e especificidades da técnica e do material utilizados para a fabricação da cerâmica antes produzida no local. No ambiente familiar, já que além de engenheiro, o presidente também já foi ceramista, Evandro Alencar conversou com Walter Denis e buscou saber mais sobre o produto e a situação da empresa.
Orgulhoso, o ceramista discorreu sobre os produtos que produzia e comercializava com 100 anos de garantia, acrescentando que, graças a uma ideia sua, com adaptação em um dos equipamentos utilizados na produção da cerâmica, conseguiu a proeza de produzir um tubo de 2m45cm. A máquina, ainda no galpão desativado, assim como outras que complementavam a produção das peças, parece servir de troféu para o ceramista. No mesmo estado estão ainda os fornos que, redondos e em forma de concha, também fogem do modelo padrão utilizado à época.
De acordo com Walter Denis, o material natural produzido para a execução do esgotamento sanitário foi, algumas vezes, premiado em nível nacional. Em 2000, a Cerâmica Gravatá foi selecionada e indicada pela International Quality Service para receber o título de Quality Leader, em Cerâmica, no Brasil. “No que concerne a qualidade, todos os materiais comercializados ao longo de sua existência se encontram perfeitos e em operação nas obras de esgotamento sanitário e outras, em muitas regiões brasileiras e na África”, concluiu entusiasmado.
Diante de tudo o que foi falado pelo ceramista e de tudo que viu do que antes podia se chamar de um negócio de sucesso, o presidente Evandro Alencar perguntou a Walter Denis como o Crea-PE poderia contribuir para ajudar a mudar o atual panorama da empresa. Do alto dos seus 82 anos e consciente das suas limitações, o ceramista disse que não há mais saúde para retomar a produção, no entanto, defende que com a manutenção da técnica pode-se erradicar grande parte das doenças causadas pela falta de esgotamento sanitário no País.
Evandro Alencar concluiu o encontro parabenizando o ceramista pela qualidade dos seus produtos, pela perseverança no seu ideal e disse que não costuma promoter o que não pode cumprir ou o que não sabe o que e como fazer. “Me comprometo a, assim que tiver alguma contribuição retornar aqui para conversarmos novamente. E não vai demorar”, disse o presidente do Crea-PE.
Também estavam presentes à visita, os inspetores de Gravatá, Eratóstenes Viana e Vital Medeiros.
Dilma Moura
ASC do Crea-PE