Crea-PE

Senge-PE comemora 87 anos de fundação nesta segunda-feira (14)

Sindicato é um dos mais antigos do Brasil e foi criado para a defesa dos engenheiros brasileiros pela “invasão” de estrangeiros nos postos de trabalho do País

Há 87 anos, nascia o Sindicato dos Engenheiros do Estado de Pernambuco. O Senge-PE foi fundado numa quinta-feira do dia 14 de fevereiro de 1935 com a missão defender os engenheiros e as engenheiras de Pernambuco, bem como coordenar e representar a categoria, com a manutenção dos seus direitos e valorização dos profissionais.

E foi exatamente para proteger os engenheiros que o sindicato surgiu, quando na década de 1930 o Brasil passava por uma “invasão” de engenheiros estrangeiros, que vinham ocupar as vagas de empregos dos profissionais brasileiros. De lá para cá foram muitas lutas em prol da coletividade. Passando por momentos difíceis para o sindicalismo, na época da ditadura militar; pela briga na criação do Salário Mínimo Profissional (SMP), na década de 1960, em pleno auge das construções de grandes obras, como rodovias, aeroportos, barragens; além da chamada década perdida, nos anos de 1980.

“Uma entidade forte, engajada, é mais combativa em prol da categoria, dos seus profissionais, da sua valorização”, atesta o atual presidente do Senge-PE, o engenheiro eletricista Mozart Bandeira Arnaud. Com um histórico de participação em lutas sindicais em defesa dos engenheiros,ele foi “convocado” a presidir o sindicato. Hoje, enfrenta o maior desafio em mobilizar a participação dos engenheiros junto à entidade.

A luta sindical, tão necessária na defesa dos trabalhadores, está mais enfraquecida com a atual situação econômica do País, com os altos índices de desemprego, na avaliação de Mozart Bandeira. Tanto é que um dos principais embates do Senge é o respeito ao pagamento do Salário Mínimo Profissional, tão desrespeitado pelo mercado e órgãos públicos na remuneração de cargos lançados nos seus editais para os profissionais da engenharia.

Essa memória das lutas do Senge se confunde com as lembranças do vice-presidente do Senge-PE, o engenheiro eletricista Carlos Aguiar, mais conhecido como Carlão. “Conseguimos entrar em todas as lutas dos anos 1980, em todas as retomadas do movimento sindical. Inclusive muitos sindicatos foram formados dentro do Senge, a exemplo do sindicato dos servidores públicos federais”, recorda Aguiar. Ele mesmo teve dois mandatos como presidente.

“A nossa luta dentro do sindicato foi muito importante. Tivemos uma participação grande nas greves do setor elétrico, em 1989. Eu era presidente do Senge e fui demitido da empresa por ter participado do movimento, defendendo os trabalhadores. Não me arrependo em nenhum minuto de ter participado dessa luta em defesa dos trabalhadores”, atesta o vice-presidente.

Sobre a responsabilidade do sindicato para a categoria, Aguiar diz que primeiro precisa mostrar ao trabalhador/engenheiro a importância de participar da luta maior que compõe a sociedade. “Hoje tem muito engenheiro dirigindo Uber, desempregado. E a luta, no meu ver, deve ser do lado e a favor dessas pessoas. Numa política que inclua, que dê emprego, diferente da atual. A função do Senge é esta: lutar pela participação dos engenheiros assalariados nas políticas do País e na questão da geração do emprego, por uma política de desenvolvimento nacional, que inclua esses trabalhadores”, sublinha o vice-presidente.

A engenheira eletricista e suplente do Conselho Fiscal do sindicado, Roseanne Maria Leão Pereira de Araújo, reforça que o Senge-PE é um instrumento importante para a luta do Salário Mínimo Profissional e na valorização profissional. “Atua junto às mais diversas empresas, buscando a valorização do profissional, principalmente neste momento em que o Brasil passa por um sucateamento da engenharia, de desvalorização. Isso tem sido uma luta recorrente e diária do sindicato”, confirma a engenheira.

Para o engenheiro eletricista Mailson da Silva Neto, diretor de Relações Sindicais, o Senge marca uma existência de luta, de determinação em defesa dos profissionais de engenharia no Estado de Pernambuco. “Muitas conquistas ao longo dos 87 anos de existência, mas não são menores nossos desafios na defesa dos engenheiros e engenheiras, a exemplo do respeito ao Salário Mínimo Profissional, que dá dignidade aos profissionais e valoriza seu trabalho”, afirma o diretor, destacando que o sindicato ainda participa das negociações salariais da categoria e acordos coletivos.

O presidente do Crea-PE, Adriano Lucena, explica que o sindicato é importante na organização da sociedade, de forma muito especial dos profissionais da engenharia. “Eles precisam entender que o sindicato é uma parte deste tecido do conhecimento, das tecnologias e das dinâmicas sociais. Se a gente não tiver o sindicato, a gente não tem essa evolução que a sociedade exige de cada um de nós”, avalia. Para ele, são poucas entidades que chegam a essa idade forte, atuante, participativa.

“A gente precisa participar mais. Estar mais presente para fortalecer essa entidade. Que ela tenha mais anos de vida forte e ao longo dos 87 anos já tiveram vários pensamentos dentro do Senge”, reforça Lucena, observando que quando se entende essa mudança ao longo do tempo, passa a entender que o sindicato é importante para essa relação. “Com ele, o profissional não se sente só. É a defesa do coletivo. Dentro da engenharia, há diferenças muito grandes. Tem aquele que é mais fácil e aquele que é muito forte. Qual é o papel do sindicato? Como faz a ligação desses dois polos? O sindicato tem esse papel de buscar alternativas que consigam ter harmonia e equilíbrio entre as mais distintas diferenças que existem”, declara Lucena.

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