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Crea Convida traz o tema “Áreas de Morros da Região Metropolitana do Recife: Riscos Geológicos, Vulnerabilidade e Desafios Urbanos”

Encontro desta terça-feira (12) será com Mário Filho, geólogo e professor da UFPE; e Fábio Pedrosa, geólogo e professor adjunto da UPE e Unicap

O período de chuvas acende sempre um alerta para os moradores das áreas de risco. A possibilidade de deslizamentos é uma realidade assustadora para quem vive nestes locais. Um cenário preocupante principalmente para a Região Metropolitana do Recife, que encontra-se dentro de um cinturão de morros frágeis do ponto de vista geotécnico.

Como conviver com essa ameaça? Quais as medidas que precisam ser tomadas para garantir a segurança dessa população? O Crea Convida desta terça-feira (12) vai tratar exatamente deste assunto. Com o tema “Áreas de Morros da Região Metropolitana do Recife: Riscos Geológicos, Vulnerabilidade e Desafios Urbanos”, o debate será feito pelos palestrantes Mário Filho, geólogo e professor da UFPE; e Fábio Pedrosa, geólogo e professor adjunto da UPE e Unicap.

Mário Filho é geólogo formado pela UFPE, doutorado na USP em Geotectônica. Professor titular da UFPE e, atualmente, Conselheiro do Crea-PE na Câmara de Geologia e Minas. Ele já foi gerente geral de Recursos Minerais da Secretaria de Infraestrutura e Recursos Hídricos de Pernambuco, em 2014, e assessor da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em 2011-2013.

Fábio Pedrosa também é geólogo pela UFPE, mestre em Geociências pela USP e doutor em Geologia Ambiental pela UFPE. Atualmente é professor da UPE e da Unicap. Participou de diversos estudos e pesquisas sobre a zona costeira de Pernambuco e contribuiu com discussões sobre políticas públicas ambientais, com ênfase para o gerenciamento costeiro e mudanças climáticas. É membro da Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental de Pernambuco e pesquisador do LIMCS (Laboratório de Inovação para as Mudanças Climáticas e Sustentabilidade) da Unicap.

Para Mário Filho, uma das soluções para o risco de deslizamentos passa pela contratação de profissionais da geologia para mapear as encostas e avaliar os riscos. “É uma questão de gestão. Hoje os projetos municipais são paliativos, a exemplo de colocar lonas. Todo o ano tem que fazer. São necessárias medidas mais duradouras. É a mesma coisa da questão da erosão. Você precisa fazer um estudo, esse estudo leva tempo, leva anos para ser feito e a partir daí você toma uma atitude que a coisa se eternize”, observa Mário Filho.

Segundo ele, essas medidas são como uma maquiagem até o próximo inverno. “Quando acha que está tudo bom, aí vem uma chuva mais forte ainda, a exemplo de Petrópolis (RJ), e aí acaba com tudo”, pontua o professor. Na sua avaliação, cabe ao gestor público impedir que aquelas pessoas morem nestas áreas e ofereçam a possibilidade de moradia em locais seguros. “São medidas impopulares que muitos gestores evitam tomar. Lá na frente, o custo da vida e dinheiro é muito maior”, destaca Mário Filho.

O desafio não é pequeno. “É um problema metropolitano. Em algumas cidades da Região Metropolitana do Recife ele é mais grave que no Recife. No Recife, pouco mais de 30% da população vive nos morros. Camaragibe e São Lourenço, esse percentual sobe para mais de 80% de moradores nestas áreas”, exemplifica Fábio Pedrosa.

Pedrosa explica que boa parte dos morros da RMR estão associados à chamada formação barreiras, do ponto de vista da geologia. “É uma formação, como o próprio nome sugere, é formada por barro. Não são rochas. Nós chamamos tecnicamente de sedimentos inconsolidados. Áreas frágeis, do ponto de vista geotécnico”, esclarece Pedrosa.

O professor da Unicap lembra que o que sustentava essas áreas de morro há décadas era a cobertura da Mata Atlântica. Como ela foi suprimida, praticamente erradicada, sobretudo na Região Metropolitana, os riscos de deslizamento ampliaram. “Tem um cinturão de morros formado por esses sedimentos inconsolidados. A partir da segunda metade do século passado, esses morros começam a ser mais ocupados, com estímulos de políticas públicas da época. Isso porque, havia o interesse de desocupação das áreas das palafitas”, contextualiza Pedrosa.

Para Fábio Pedrosa, uma parte da solução deste problema é simplesmente uma parte daquela população não estar ali porque não existem soluções geotécnicas que dêem jeito nesta realidade. “Aqui e acolá você encontra soluções geotécnicas mais interessantes para tratar aquela encosta, torná-la mais segura”, destaca Pedrosa, acrescentando que outro ponto importante para este problema é a mudança climática. “Cada vez mais comum informações do tipo: choveu em 24 horas o esperado para quase todo o mês. É um padrão novo que está se estabelecendo aqui, no chamado nordeste oriental, da Zona da Mata e do Litoral do Nordeste. É um debate complexo e que envolve políticas públicas além de soluções geotécnicas”, sublinha o geólogo.

A ideia do encontro é contribuir com soluções técnicas, viáveis e possíveis para estas áreas de risco. O Crea Convida é exibido ao vivo a partir das 19h, pela TV Crea-PE, no YouTube. Após a apresentação dos dois palestrantes é aberto espaço para interação com o público com perguntas sobre o tema.

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