Recife,07 de novembro de 2013
O ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, sociólogo Wellington Moreira Franco, no dia 31 de outubro, afirmou em entrevista sobre os atrasos nas obras de seis dos 12 aeroportos de cidades-sede da Copa de 2014: “são fruto da falta de engenheiros e da má qualidade da formação dos engenheiros que temos no País”.
Como se vê, o ministro está mal informado e demonstra desconhecimento ou má fé com relação ao papel da Engenharia brasileira no processo de desenvolvimento, e, com relação a estas obras.
A Engenharia brasileira, reconhecida internacionalmente através das obras espalhadas pelo mundo, executadas por engenheiros brasileiros, foi recentemente elogiada pela própria presidente Dilma, graças a sua boa qualidade.
Não adianta algum dirigente atual querer por a culpa na Engenharia e nos engenheiros brasileiros, do processo de desmantelamento dos órgãos de planejamento do Estado, tanto dos federais como dos estaduais e municipais.
Seria um grande favor prestado à Nação se o ministro, ao invés de falar asneiras, reconhecesse a falta de política de valorização deste setor fundamental ao processo de desenvolvimento do País, quando o próprio governo federal e demais instâncias federativas, como estados e municípios, não respeitam, em sua grande maioria, os pisos salariais da categoria, determinados por lei, e, não estabelecem condições mínimas e justas de trabalho aos engenheiros no desempenho de suas atividades profissionais.
É vergonhosa a maneira como os engenheiros, agrônomos e demais profissionais do Sistema Confea/Crea são tratados pelos Governos.
Mesmo assim, de forma heroica, os engenheiros das diversas atividades são os responsáveis pelas inovações tecnológicas e estão presentes nas principais obras do País e das atividades que geram perspectivas de futuro para o Brasil.
O ministro precisa discernir o que é da competência do Estado, como planejamento, orçamento, formas de contratação, transparência etc., e qualidade tecnológica da obra em si, que é da responsabilidade da Engenharia. Por essa atribuição garantimos que o Brasil é um dos maiores celeiros do mundo em desenvolvimento tecnológico e competência em obras de Engenharia.
O ministro deve cuidar da sua pasta, promover a transparência e o bom uso dos recursos públicos, ampliar os espaços para as empresas e profissionais de Engenharia e não ficar privilegiando grandes conglomerados, pactuando com quem produz trabalho escravo, como no caso das obras do aeroporto em São Paulo, privatizando por não criar as condições para o bom exercício das atividades públicas nesse setor que é estratégico para o País, e, ao mesmo tempo criar as condições para o desenvolvimento do exercício do trabalho desses profissionais que orgulham a Nação brasileira.
Como seria o Brasil, senhor ministro, sem as obras dos engenheiros e a Engenharia brasileira?
Engenheiro Civil José Mário de Araújo Cavalcanti
Presidente do Crea-PE