Crea-PE

Comitê Tecnológico Permanente do Crea-PE tem primeira reunião para definir ações

Na abertura do encontro, o presidente Adriano Lucena saudou a todos os membros, com um texto que destacou a importância da inovação e das novas tecnologias para encontrar soluções que transformam o mundo.

O presidente do Crea-PE, Adriano Lucena, comandou a primeira reunião do Comitê Tecnológico Permanente (CTP). O grupo é formado por nomes expressivos das ciências, da tecnologia e da engenharia em Pernambuco. Em encontro virtual, na tarde desta quinta-feira (25), os membros do CTP focaram as primeiras discussões na definição de três principais eixos de atuação:

  1. A qualidade da formação dos futuros profissionais da engenharia, agronomia e geociências.
  2. A valorização profissional e o desenvolvimento tecnológico nas áreas ligadas ao Sistema. Confea/Crea
  3. A realização de um programa permanente para debater temas relevantes para PE e o Brasil.

O CTP do Crea-PE é formado por 18 integrantes. Na abertura do encontro, o presidente Adriano Lucena saudou a todos os membros, com um texto que destacou a importância da inovação e das novas tecnologias para encontrar soluções que transformam o mundo. Na sua fala de boas vindas, Adriano Lucena lembrou do pioneirismo e do vanguardismo que marcam a história de Pernambuco e dos profissionais pernambucanos que ajudaram a reescrever a história do Brasil.

Abaixo, a  íntegra da fala do presidente do Crea-PE na abertura da primeira reunião do Comitê Tecnológico Permanente.

É comum ao ser humano a aversão às mudanças. Sociologicamente, podemos dizer que o ser humano tende a permanecer no estado que está. Sendo geocientistas, afirmamos que as pessoas preferem se manter na CNTP.

Porém, nós geocientistas, somos os responsáveis por alterar as condições normais de temperatura e pressão. Aqui, reunidos em um comitê que se propõe a construir um caminho para que a engenharia se fortaleça se beneficiando das novas técnicas, das novas tecnologias e até das que ainda estão por vir.

Por vezes, causamos medos. Assim aconteceu com a eletricidade. As pessoas tinham medo daquela novidade que revolucionava a própria revolução industrial e transformava a potente máquina a vapor de poucos cavalos-vapor em uma pequena geradora de energia diante dos milhões de kWh da hidroelétrica.

As inovações dos geocientistas sempre assustaram a humanidade, até o dia que viesse a compreensão dos benefícios promovidos à vida das pessoas.

O CTP do CREA não foi criado para inventar sonhos que sejam inatingíveis, nem que não tenham repercussão na vida das pessoas. Faz parte do nosso regimento a ideia de que nossos produtos devem beneficiar a sociedade pernambucana e brasileira.

Em Pernambuco se pensa em inovar, porém não podemos deixar de pensar no passado, pois só conhecendo o passado, podemos construir o futuro melhor para a nossa gente.

Desse passado, lembramos que algumas das maiores construtoras da história de nosso País nasceram em Pernambuco. É desse Pernambuco ousado, que um visionário, João Santos, encontrou em Nassau o nome para sua indústria cimenteira.

João Santos entendeu que o Conde foi o primeiro grande construtor de todo o Hemisfério Sul do planeta. Pois é. Ali, na beira do Capibaribe, onde fica o Palácio do Campo das Princesas, repousa o Palácio de Friburgo, escondido embaixo da Praça da República. Na Igreja do Carmo, o Palácio das Torres, primeiro castelo, também do Hemisfério Sul. As novas tecnologias da época construíram a primeira ponte das Américas, que foi inaugurada com o famoso boi voador, que não passava de um engenho, coisa de engenheiro, que pendurava um couro de boi, imitando um boi que voava. Também foi nessa época que nasceu o primeiro observatório astronômico das Américas, o primeiro atlas cartográfico do Hemisfério Sul, o Atlas Vignboons. Foi uma decisão de Nassau, a criação da primeira lei que tratava da limpeza do Rio Capibaribe, talvez o primeiro registro de lei que cuidava da preservação ambiental. Atenção, falamos dos anos de 1637 a 1644.

Mas o tempo não para. E, em 1898, a engenharia que nasce em Pernambuco continua sendo pioneira. Vide os exemplos de Delmiro Gouveia, que construiu o que é hoje o quartel do Derby. Nasceu como o primeiro mercado de luxo da região e que já tinha o luxo de ter energia elétrica. Era o que hoje poderíamos chamar de Shopping Center. Mas Delmiro não parou por aí. Construiu hotel, cassino e parque de diversões, todos pioneiros.

E, como cantou Luiz Gonzaga, deu a ideia que Apolônio aproveitou. Em Paulo Afonso está mais um marco dessa ousada engenharia, sempre à frente do seu tempo, em cada tempo.

Mas, em outras ciências, uma grande quantidade de profissionais nascem, se formam ou desenvolvem seu trabalho aqui. Por que não lembrar da geografia, mundialmente conhecida de Manuel Correia de Andrade, e de quantos outros, em cada profissão ligada ao Sistema Confea/Crea/Mútua? Todos foram vanguarda.

Pernambuco tem que pensar vanguarda e este CTP não pode se limitar a pensar o horizonte de Pernambuco. Temos que pensar em conectarmos com o mundo.

No mesmo local onde havia o maior porto de exportação de açúcar do planeta, hoje assenta um dos mais pujantes polos tecnológicos do mundo. É dali que temos que fincar nossas parabólicas na lama, captar e transmitir sinais para o universo, diria Chico Science. As geociências e as novas tecnologias da Tecnologia da Informação e da Comunicação têm que estar conectadas.

Não menos conectadas devem estar as empresas, nossos geocientistas, com nossa academia.

A nossa academia nos deu homens da estirpe de Joaquim Cardoso, calculista que permitiu que o sonho de Niemeyer se transformasse em concreto. Tem muitos outros ainda, que já citei nessa fala e quantos mais, que não daria tempo de citar. Seriam muito mais expoentes da engenharia, que precisariam estar nessa fala, muitos deles que também passaram na cadeira de presidente do CREA-PE.

Em tempos mais recentes, destacamos que a Intel – maior empresa do mundo no setor de semicondutores – premiou um pernambucano de 40 anos. Carlos Cordeiro, engenheiro chefe e diretor da companhia na área de comunicação wi-fi, foi escolhido o cientista do ano.

Parabéns, Pernambuco e parabéns aos geocientistas pernambucanos.

É robótica, Inteligência Artificial, mecatrônica, eletrônica, engenharia aeroespacial, naval. Quais serão os caminhos que nós, do Comitê Tecnológico Permanente, ajudaremos a pavimentar?

Como pernambucano e esperançoso, ouço sempre a usina feliz mensageira, imortalizada por Luiz Gonzaga, dizendo na força da cachoeira, o Brasil vai, o Brasil vai.

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