Crea-PE

Vencedores do Desafio Público de Inovação Aberta visitam presidente do Crea-PE

Concurso para soluções de drenagem urbana foi uma iniciativa da Prefeitura do Recife, em parceria com o Unit-PE e o Tiradentes Institute, com o apoio do Conselho

Os engenheiros civis Gastão Cerquinha da Fonseca Neto e Alexson Caetano da Silva foram os grandes vencedores do Desafio Público de Inovação Aberta. O concurso foi uma iniciativa da Prefeitura do Recife, em parceria com o Centro Universitário Tiradentes de Pernambuco (Unit-PE) e o Tiradentes Institute, com o apoio do Crea-PE. Eles apresentaram um projeto viável e executável sobre drenagem urbana, o Projete – modelo de gestão e zonas protetivas.

Gastão Cerquinha explica que o objetivo do prêmio era mitigar os efeitos das cheias aqui no Recife. “O programa criado tem três etapas. Estamos na terceira etapa. As duas primeiras foram de seleção e de premiação. A gente fez um vídeo de três minutos e fomos selecionados para o dia do pitch (apresentação), onde a gente apresentou a proposta em 10 minutos e eles fizeram perguntas. Depois disso eles elegeram qual foi a melhor proposta, que foi a nossa”, lembra o engenheiro.

Desde novembro, ele e Alexson Caetano estão na fase de prototipagem, com o desenvolvimento do MVP (Minimum Viable Producto). “A gente vai ter 10 meses para desenvolver o MVP e durante esses 10 meses a gente vai receber uma bolsa. Vamos também fazer uma viagem para Boston, onde teremos um contato lá com uma linha de pesquisa para desenvolver mais essa proposta. Transformar o Protege isso num produto que a gente possa aplicar em larga escala”, enumera Cerquinha.

Recursos hídricos é um tema de total interesse da dupla. Tanto é que fizeram mestrado na área e agora estão num doutorado sobre o mesmo assunto. “A gente trabalha com modelagem hidrológica e drenagem também e Gastão mais profundamente com modelos que têm efeitos da maré que era o grande desafio. O tema proposto pela prefeitura foi esse: a influência das marés nos alagamentos”, destaca Caetano.

O Protege é um um modelo de gestão que envolve algumas ferramentas de modelagem e através desse modelo propõe quais as soluções implementar em cada região alagada. Além disso, fazer um monitoramento para identificar cada rua que estaria alagada ou não. “No momento que tem a previsão e vai chover, a gente simula, aplica o modelo e aí diz: essa localidade vai sofrer com esses alagamentos. Também existe o zoneamento, que a gente divide a cidade em zonas. Porque existem as soluções de engenharia para esse tipo de problema, mas como aplicar de forma eficiente em cada região? A proposta faz isso exatamente: ela zoneia e diz qual a característica de cada região e o que a gente pode aplicar em cada uma delas”, esclarece Cerquinha.

Caetano ressalta que não é qualquer solução para qualquer bairro. “É mais específica para cada área. A gente dá a solução para cada área. A gente vai indicar e a Prefeitura é quem vai desenvolver essa solução. E a outra linha do produto é justamente é fazer esse monitoramento. Com os dados de monitoramento de maré e os dados de precipitação, a gente saber ali determinar os pontos de alagamento”, observa o engenheiro.

A escolha do projeto foi pensada para uma linha de pesquisa compatível com o doutorado. “Como é um protótipo, vamos delimitar quais a áreas que têm mais essas características mais adequadas para esse protótipo, com a possibilidade de ampliar para as demais. Esse primeiro passo já foi feito. Só precisa alinha com a Emburb para fechar as áreas”, afirma Cerquinha.

ARTIGO
A dupla publicou recentemente um um artigo que faz uma previsão das áreas atingidas para 2100 só com a elevação do nível do mar. “Digamos que se a gente hoje tem 12 bairros atingidos, aí vai para 30 em 2100, só com o pico de maré”, contabiliza Cerquinha. Ele disse que em torno de 60% de Boa Viagem, que hoje não é uma área muito atingida, será afetada até 2100 por ser uma região baixa. “Se tiver um aumento de 70 centímetros como tem algumas previsões que falam neste número, boa parte seria alagada nos picos de maré”, avisa o engenheiro.

A situação piora bastante na Ilha do Leite. É o bairro mais afetado, de acordo com o estudo. “Praticamente 100% das ruas da Ilha do Leite vão ficar alagadas por conta desse aumento climático. A Ilha do Leite tem cotas baixas. Se aumentar o máximo de maré em 70 centímetros, as ruas ficarão todas alagadas. Hoje, com o pico de maré, algumas já ficam”, adianta Cerquinha.

Os engenheiros foram recebidos na tarde da terça-feira (7) pelo presidente do Crea-PE, Adriano Lucena. Eles foram apresentar o projeto vencedor. “O que vocês estão fazendo é sensacional. Porque você não estão fazendo um projeto executivo. Não está gerando um orçamento, uma planilha que vai custar um xis valor a obra, não. Vocês estão criando um modelo de solução para um problema. Genial”, parabeniza Lucena.

O presidente do Crea ainda acrescentou: “As informações que vocês estão dando, do ponto de vista da engenharia e da gestão pública, é sensacional para a tomada de decisões e decisões de curto, médio e longo prazos. Se gestor tem poucos recursos e precisa resolver um problema de drenagem, vai começar por onde? Se for um gestor inteligente, vai começar pela Ilha do Leite”, opina Lucena. E Caetano confirma: “A gente vai dar essas informações das áreas prioritárias”.

DESAFIO
O desafio proposto pela Prefeitura contou com a participação de estudantes de qualquer curso superior e profissionais graduados em qualquer instituição de ensino superior que residiam na cidade. O projeto vencedor ganhou R$ 44 mil, que inclui todos os custos para uma viagem à cidade de Boston, prevista para março de 2022. As bolsas-auxílio e as despesas de viagem da dupla selecionada serão custeadas pela Unit-PE.

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