O Grupo Realesis Empreendimentos apresentou, na noite da última segunda-feira (29), no auditório do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE), a proposta para a construção do Parque Tamarineira, no bairro da Tamarineira, Zona Norte do Recife. Atualmente, o espaço abriga o Hospital Psiquiátrico Ulysses Pernambucano, em uma área de mais de 90 mil metros quadrados. O projeto foi apresentado a profissionais da construção civil e ambiental, além de representantes de entidades de classe. O diretor do Grupo Realesis, Armando Sabóia Filho, e o coordenador de projetos da empresa, o arquiteto Bruno Ferraz, mostraram os benefícios que o mega empreendimento pode trazer aos recifenses. Segundo Sabóia, o Grupo Realesis possui experiência no restauro de construções históricas. "Temos como exemplo o Paço Alfândega, no bairro do Recife. Não podemos compará-lo a um shopping comercial porque a proposta vai além. Foi realizada a restauração de um prédio que estava deteriorado, promovendo um espaço de circulação pública e agregando valor à cidade", ressaltou. Para a empresa, o projeto oferecerá um equipamento de uso público diferenciado. O Grupo se compromete a respeitar as condições de excepcionalidade como o caráter patrimonial histórico, cultural, ambiental e social do local. "A Realesis propõe resgatar 63 mil metros quadrados de área verde privada e implantar um centro comercial para dar sustentabilidade ao parque, com uma construção que considere os princípios de Arquitetura e Engenharia Sustentáveis", explica Bruno Ferraz. A proposta é manter a edificação do Hospital Ulysses Pernambucano para abrigar o Museu do Inconsciente, com memória e história do médico psiquiatra Ulysses Pernambucano, e o Museu da Sustentabilidade, um espaço de referência em questões ambientais. Outra ação será solucionar a situação dos pacientes da unidade hospitalar, hoje com 160 internos, atendendo aos preceitos da Política Nacional de Saúde de acabar com o confinamento de pacientes com doenças mentais. Os autores do projeto ainda estão estudando junto ao poder público municipal a construção de uma eco-ciclovia entre os parques Tamarineira e da Jaqueira, já que são bem próximos. O plano prevê a preservação de 70% de área verde mínima e a ocupação de 30%. "Será um parque temático ambiental que harmoniza a edificação e a vegetação natural com uma mediação responsável", explica Ferraz. O coordenador do projeto citou como exemplos de intervenções em sintonia com o meio ambiente o Museu do Louvre, o Parc de La Vilette e o Le Halle, todos em Paris. No Brasil, segundo Ferraz, o único espaço que se aproxima do projeto apresentado seria a Praça Victor Civita, em São Paulo. O presidente do Crea-PE, José Mário Cavalcanti, abriu o debate se mostrando receptivo ao novo empreendimento. "Estou convicto de que o Parque será um sucesso caso seja conduzido da maneira apresentada. Dentro dessa linha sustentável acredito que dará certo", comentou. Representantes de entidades como a Secretaria de Planejamento e Gestão de Pernambuco (Seplag), a Diagonal Urbana Consultoria, Associação Pernambucana de Engenheiros Florestais (APEEF) e o Conselho Regional de Economia (Corecon) levantaram questionamentos sobre os pontos polêmicos que têm sido discutidos pela sociedade já que é um prédio tombado pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) e área protegida por leis ambientais. O principal tema do debate foi o planejamento do trânsito e transporte.