As fortes chuvas que caíram durante toda a madrugada e parte da manhã, ocasionando alagamentos e congestionamentos quilométricos, criaram uma enorme dificuldade para que palestrantes, convidados e o público pernambucano pudessem chegar ao Recife Praia Hotel, onde acontece, durante todo o dia de hoje, a Audiência Pública sobre as Obras da Copa. A grande ironia é que, infraestrutura e mobilidade urbana, foram temas abordados no primeiro painel do evento. O fato abre uma questão que coloca em xeque a eficiência dos projetos que estão sendo discutidos para essas áreas, já que a Copa acontece exatamente em um dos meses mais chuvosos do ano. O evento é uma realização do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), em parceria com os Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Creas) das 12 capitais que sediarão os jogos do mundial.
No primeiro painel do evento, sobre infraestrutura, participaram o secretário Extraordinário para a Copa de 2014, Sílvio Bompastor, que falou sobre a Arena Pernambuco, o Secretário Executivo da Copa de 2014 no Recife, Amir Schvartz, que abordou as questões relativas à mobilidade urbana e o superintendente da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), Fernando Nicácio que falou das atuais condições do Aeroporto Internacional dos Guararapes e dos projetos futuros.
O secretário Extraordinário da Copa de 2014 disse que, além da construção da Arena Pernambuco estão sendo feitos outros investimento. Dentre os quais os corredores Norte/Sul, Leste/Oeste, a Via Mangue, a construção no entorno do estádio, de hotéis, moradias e centros comerciais, além da duplicação da BR-408, estação de metrô e seis novos terminais integrados de ônibus.
O secretário disse ainda que muitas obras estão sendo tocadas mesmo sem fazerem parte do traçado previsto com o objetivo de melhorar a mobilidade urbana do Recife e Região Metropolitana, independentemente do Mundial.
De acordo com Bompastor, a Cidade da Copa é, sem dúvida, um grande investimento que já dá provas da valorização que trará para o município. Exemplo disso pôde ser visto com o lançamento do AlphaVille Pernambuco, que será construído próximo à futura “Cidade da Copa” e que, segundo Sílvio Bompastor, teve todas as unidades vendidas entre a manhã e o início da tarde do primeiro dia de vendas.
Arena –A construção da Arena deve se estender até dezembro de 2012. O estádio, que chegou a ter um custo estimado de R$ 512 milhões, obteve isenção tributária municipal, estadual e federal, e hoje está orçado em R$ 364 milhões. Cravado num terreno de 250 hectares, o estádio terá capacidade para 46.154 torcedores, e oferecerá cinco mil vagas de estacionamento.
O terreno onde está sendo construída a Arena pertence ao Estado e, segundo o secretário, possui boa condição de solo, além de estar próximo de onde passa o gasoduto, com bom rebaixamento de pressão e proximidade favorável de três linhas de alta tensão, além da proximidade da estação de tratamento d’água da Adutora de Tapacura.
Explicou que a vista conceitual do projeto reproduz a imagem de um caboclo de lança e que a construção será integrada ao meio ambiente por meio de placas. As placas também permitirão a iluminação natural e, de acordo com exigências da Federação Internacional de Futebol (FIFA), estarão garantidas ainda: ventilação, reciclagem de detritos sólidos entre outros benefícios. “É importante destacar que a Arena é projetada para multiuso, com espaços bem diferentes,com divisórias modulares que podem diminuir os espaços ou aumentar de acordo com a necessidade”, explicou.
Sobre mobilidade urbana, o secretário Amir Schvartz, falou sobre a construção do Corredor Norte-Sul. Com 15 km de extensão, o Norte-Sul passará por seis municípios da RMR, saindo de Igarassu até Cajueiro Seco, em Jaboatão dos Guararapes, e ainda sobre os Corredores Leste/Oeste e da Avenida Norte. Já a obra do Terminal Cosme e Damião de metrô, iniciadas em janeiro deste ano, conta com investimento de R$ 15,8 milhões do Governo do Estado. Ele vai facilitar o acesso à Cidade da Copa e terá capacidade para receber 40 mil passageiros por dia.
As obras do Corredor Via Mangue, primeira via expressa do Recife, têm 4,5 km de extensão, e ligará a ponte Paulo Guerra, no bairro da Pina, à Avenida Antônio Falcão, em Boa Viagem. Ações de saneamento, urbanização e habitação estão incluídas no projeto, a cargo da prefeitura do Recife.
Apesar de não entrar em detalhes sobre a escolha do modal de transporte a ser implantado nos corredores, sabe-se que o assunto é polêmico, inclusive para o meio técnico. Alguns especialistas apontam o BRT (Bus Rapid Transit) como o sistema mais adequado para o Recife, e ele já consta inclusive na Matriz de Responsabilidades. Mas, na opinião de vários técnicos, o monotrilho seria a melhor solução, por que o volume de passageiros transportados pelo BRT é limitado o que faz com que o modal não dê conta do tamanho do problema existente no Recife.
A principal via de acesso até a Arena Pernambuco, a BR-408, está sendo duplicada pelo Governo do Estado. Com 60% da obra já concluída, e investimento total de R$ 120 milhões, a obra compreende 19,7 km de extensão, entre Carpina, São Lourenço da Mata e Jaboatão dos Guararapes. A previsão de finalização é dezembro de 2011. Para facilitar o acesso ao estádio, serão erguidos também dois viadutos, de 2 km, entre Jaboatão e São Lourenço da Mata, ao custo de R$ 22 milhões. A obra está em fase final de licitação e o prazo de execução é de dez meses.
A Estrada da Batalha, na PE-008 (Jaboatão dos Guararapes), será duplicada em 6 km, com investimentos de R$ 160 milhões. A obra inclui ainda dois novos viadutos e um túnel, além de um centro cultural e uma grande área urbanizada na região. Um dos viadutos está pronto, e o outro sendo finalizado. Mais da metade das obras do túnel foram feitas e falta concluir a duplicação no trecho entre os dois viadutos.
O projeto Contorno do Recife prevê a requalificação do trecho urbano da BR-101, de Cabo de Santo Agostinho até Igarassu, e a construção de um corredor inteligente de ônibus, que será interligado a vários corredores viários, como o Binário de Cajueiro Seco, Avenidas Abdias de Carvalho, Caxangá e Norte. O orçamento inicial da obra é de R$ 400 milhões.